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Brasil, nação UFC

Maior organização de MMA do mundo transforma modelo de negócio no País, o segundo mais importante para a empresa, atrás apenas dos EUA

Crédito: Divulgação

Assim como acontecia antes da pandemia, em 2019, no UFC 237, no Rio, os eventos deste ano são sucesso de público, com todos os ingressos vendidos. Redes sociais também batem recordes (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Em 1993, Royce Grace venceu a primeira edição do Ultimate Fighting Championship (UFC). O campeonato realizado no Colorado (EUA) reuniu os melhores lutadores do mundo em modalidades como boxe, kickboxing, sumô, savate, karatê, tae kwon do e jiu-jitsu para desvendar qual era a mais eficiente dentro de um ringue. Melhor para o brasileiro, que com sua técnica de jiu-jitsu finalizou três adversários e sagrou-se o primeiro campeão no que hoje é conhecido como artes marciais mistas (MMA). Nascia ali um esporte e uma estrela, que inspirou uma legião de atletas que viriam a seguir seus golpes e formaram uma constelação verde-amarela. De lá para cá, brilharam nomes como Marco Ruas, Vitor Belfort, Murilo Bustamante, Anderson Silva, Minotauro, Lyoto Machida, Maurício Shogun, José Aldo, Júnior Cigano, Renan Barão, Fabrício Werdum, Rafael dos Anjos, Amanda Nunes, Cris Cyborg, Jéssica Bate-Estaca, Charles do Bronxs, Alex Poatan e Alexandre Pantoja. Em seus primeiros anos, porém, o esporte se destacava dentro do octógono. Fora dele, a desconfiança e questionamento de autoridades davam duros golpes na modalidade, que se enfraquecia. Foi aí que em 2001 Dana White e os irmãos Lorenzo e Frank Fertitta e compraram a organização. Com muitas lutas travadas na justiça e com comissões atléticas para regularizar a modalidade, conseguiram formatar regras, embalar o esporte também como entretenimento e contratar atletas de ponta para o show continuar. Uma potência popular nos Estados Unidos. A operação brasileira é a segunda maior da organização, seja pelo número de atletas contratados (110 de 600) ou pelo número de fãs (16 milhões de seguidores nas redes sociais — e fosse um clube de futebol, seria o quinto maior do País). O que reflete também na receita recorde de US$ 5,2 bilhões que a Endeavor, empresa americana de promoção de eventos dona do UFC, registrou em 2022. Do total, o UFC contribuiu com US$ 1,3 bilhão, um aumento de US$ 224,1 milhões (+20%) em relação a 2021.

Por aqui, a marca passa por transformação em seu modelo de negócio. Depois de uma década de parceria com a Rede Globo (2012 a 2022), o UFC Brasil assinou contrato com a Band por três anos — encerra em 2024 —, retomou os eventos ao vivo no País pós-pandemia e lançou a sua plataforma própria de streaming, UFC Fight Pass. “É uma mudança de conceito. A gente passa a tomar a decisão de cuidar do nosso próprio destino. É um momento de crescimento que também nos traz maior responsabilidade”, disse à DINHEIRO Eduardo Galetti, vice-presidente sênior do UFC e responsável pela operação no Brasil. O executivo está envolvido com a produção do UFC Fight Night, dia 4 de novembro, no Ginásio do Ibirapuera (ingressos esgotados). O evento volta a São Paulo após quatro anos de hiato. Na luta principal, o brasileiro Jailton ‘Malhadinho’ Almeida enfrenta o americano Derrick Lewis na categoria peso-pesado. É o segundo card do ano promovido no País. O primeiro foi no primeiro mês de 2023, o UFC 283, no Rio.

“É uma mudança de conceito. A gente passa a tomar a decisão de cuidar do nosso próprio destino. É um momento de crescimento” Eduardo Galetti vp e líder da operação no país

Eduardo Galetti

O UFC Brasil fechou com a Band e desde o ano passado tem feito um trabalho diferenciado. Na Globo, a produção de programas e transmissões ao vivo, nos canais abertos e fechado, era feita pela TV, na emissora dos Saad é o UFC que está no controle de tudo. Inclusive montou estúdios para televisão e conteúdos digitais — vem um podcast por aí — no bairro do Itaim, na capital paulista. “Pela Band, até a metade do ano já atingimos a quantidade de horas vistas pelo público o ano passado todo na Globo”, disse Galetti. Em média, são 1,9 milhão de telespectadores nas lutas veiculadas na nova parceira. O card preliminar do UFC 283 teve a maior audiência da história no Brasil desde que a organização faz esse levantamento (2015) e dobrou a visualização média da grade no horário. O formato do contrato com a Band é mais completo. Foi criada uma joint venture entre a emissora e o UFC para angariar e gerenciar os patrocínios e publicidades.

Toda essa estrutura tem atraído empresas para patrocinar a organização. Estão fechados com o UFC Brasil marcas como Monster, Stake, Refit, Crypto, Vechain, Prime e Roobet.fun. A Venum, fabricante francesa de roupas, é a licenciada responsável pelos kits de luta do UFC. Assim, a organização continua na luta, com o Brasil protagonista e cheio de estrelas no esporte.