Um índice para medir a equidade racial nas empresas
Por Sérgio Vieira
Ter o diagnóstico real da presença de pessoas negras nas organizações, principalmente em cargos de liderança, estabelecer métricas e criar oportunidades para melhor equidade racial nas empresas brasileiras. Esse é o princípio lógico, e correto, estabelecido pela Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. Nos últimos dois anos, a entidade foi ainda mais a fundo na questão, com o lançamento do Protocolo ESG Racial, que já tem 62 companhias do País e estabelece parâmetros para definir a participação da população negra nos quadros destas empresas. E para comandar esse plano está Gilberto Costa, um homem negro que há 35 anos atua no mercado financeiro, setor que lida essencialmente com resultados. E é assim que ele está à frente do Índice ESG de Equidade Racial (IEER), que vai definir onde estão essas empresas nessa jornada de garantir um ambiente com mais oportunidades para os negros. “Toda vez que falo, penso em métricas, em indicadores, que são fundamentais para poder definir as políticas de ações afirmativas e investimentos sociais privados em educação”, disse Costa. E a preocupação dele, que nasceu em Duque da Caxias (RJ), e teve oportunidade de fazer graduação, pós-graduação e até intercâmbio nos Estados Unidos, faz todo sentido: “Parcela grande da população negra não consegue completar o ensino médio. O índice de evasão é alto e cerca de 40% deste público é de jovens negros. Se não investirmos na educação, esse jovem não chega ao ensino superior.” Os primeiros resultados do IEER serão conhecidos em dezembro. Fato é que, nesse jogo das letras do ESG, o R de racial não pode mais só estar ligado ao S do social. É importante que esteja presente também no G de governança. Ou no lugar que o negro quiser. O que precisa, de fato, é mudar essa triste realidade corporativa brasileira. E para já.
TETO DO BAÚ
Fibra de vidro no caminhão
Tradicionalmente feitos a partir da chapa de alumínio, tetos de baús de caminhões começaram a ser produzidos pela 4Truck Implementos Rodoviários em fibra de vidro. A medida mais sustentável utiliza retina proveniente de PET reciclado. Para cada quilo de resina produzida são utilizados 0,25 kg de garrafa reciclada. Além disso, o material é mais leve, demanda menos tempo de produção, contribui na melhora da vida útil do caminhão e reduz a emissão de carbono. “Nosso desafio é cada vez mais entender as demandas do cliente e do mercado. Hoje vemos que as empresas estão preocupadas com a sustentabilidade e buscam implementos cada vez mais leves, que garantam maior capacidade de carga e menor consumo de combustível no dia a dia”, disse Osmar Oliveira, CEO e fundador da 4Truck.
2026 é o prazo estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a partir de resolução publicada na sexta-feira (20), para que empresas com capital aberto passem a divulgar, obrigatoriamente, seus relatórios de sustentabilidade. Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país do mundo a adotar as normas globais de informações das práticas ESG. Em 2024 e 2025, a publicação das ações na área sustentável ainda serÁ voluntária.
ELETRÔNICO SUSTENTÁVEL
Um fone de ouvido do fundo do mar
A Letron, marca do Grupo Leonora, de Santa Catarina, lançou sua primeira coleção de produtos eletrônicos produzida com plástico 100% reciclado dos oceanos. Com o lote inicial, a marca recolheu e tratou mais de 4 mil garrafas. Além disso, a produção do material reduz em 80% a emissão de carbono se comparada à fabricação de itens de plástico virgem. “Sabemos que o consumidor atual busca marcas que alinhem qualidade e respeito ao meio ambiente. Em 2023, começamos jornada com o lançamento da linha na categoria de eletrônicos, o que reforça compromisso em desenvolver produtos mais sustentáveis”, disse Andreia Both, coordenadora de produtos Letron. A estimativa de faturamento com a Letron neste ano é de R$ 25 milhões, valor que representa 5% “do total da receita do grupo, prevista para R$ 500 milhões.
MENOS EMISSÕES
A compensação do transporte de malte
A logtech Cargo X fechou parceria com a Ambev para fazer a compensação de CO2 emitidos pelos caminhões que fazem o transporte do malte, produto fundamental para a produção de cerveja. “Desde julho iniciamos a operação para calcular as emissões de CO2 na transferência de malte do porto de Cabedelo (PB). Toda emissão é compensada”, disse Fábio Lobo, diretor de operações da Cargo X. No primeiro mês de operação, foram compensadas 371 toneladas de CO2. A parceria pretende atingir a marca de 2,2 mil toneladas de CO2 compensadas até dezembro. “Temos uma agenda sólida de ESG e a missão de reduzir em 25% a intensidade de emissões de carbono na cadeia de valor. Para isso, precisamos abrir o olhar a novos caminhos e iniciativas como a parceria com a Cargo X”, afirmou Caio Miranda, diretor de sustentabilidade da Ambev.
Diversidade, Equidade e Inclusão como fio condutor nos negócios
“Como uma das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, sabemos do nosso potencial em inspirar outras organizações a fazerem o mesmo. Diversidade, equidade e inclusão devem estar no centro de tudo. Buscamos ser uma empresa que tenha a representatividade da nossa população, com mulheres, negros(as), PCDs, LGBTI+ e pessoas com mais de 50 anos. Hoje, são 49% de mulheres líderes e, no Comitê Executivo, 60%. Temos orgulho em ter 52% de nosso quadro geral de funcionários(as) de pessoas negras e seguimos firmes rumo a nossa meta de 30% de líderes negros(as) até 2025 (atualmente 25%). Temos a honra de sermos reconhecidos(as) como a empresa mais inclusiva de Bens de Consumo pela Pesquisa Ethos de Inclusão 2023, o que mostra que estamos na direção certa. E seguimos com o compromisso de evolução constante!”