Mais diversidade na solução de conflitos
Com sede em Londres e aval do Reino Britânico, o Ciarb, mais influente órgão internacional de arbitragem, renova o conselho para incluir duas mulheres, dois homens negros e um brasileiro
Por Celso Masson
Na próxima terça-feira (7), quando se reunirem pela primeira vez em Londres, os cinco novos membros do board of trustees (conselho de curadores) do Chartered Institute of Arbitrators (Ciarb) darão uma nova cara ao até hoje um tanto vetusto órgão internacional de mediação de conflitos. Formado por 15 integrantes, o conselho acaba de renovar um terço dos assentos com uma clara missão: ampliar a diversidade de gênero, raça e idade. Por isso, entre os cinco novos trustees há duas mulheres, dois homens negros e um brasileiro. Trata-se do executivo Charles Laganá Putz, que foi CFO da Brasil Telecom e CEO da Namisa (hoje CSN Mineração). “Eles me disseram que a escolha se baseou não apenas no meu conhecimento como gestor mas por me considerarem uma pessoa de cabeça aberta e coragem para questionar”, disse Putz à DINHEIRO.
Apresentar pontos de vista diferentes e argumentar em sua defesa é um dos atributos que se destacam na trajetória do executivo brasileiro. Foi assim quando desenhou o modelo de negócio da Namisa (Nacional Minérios S.A.), empresa que recebeu aportes de capital do Japão e da Coréia do Sul.
Foi também assim na Rio Bravo Investimento, criada pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Fraco e mais tarde vendida para um fundo chinês.
Mais recentemente, Putz esteve no conselho de uma empresa indiana de transmissão de energia. Para o presidente do Ciarb Brasil, Napoleão Casado Filho, o que torna a eleição de Charles Putz notável é o fato de ele ser o primeiro e único latino-americano no board of trustees na sede do Ciarb em Londres.
“Essa conquista, além de motivo de orgulho para os brasileiros, demonstra a importância que as instituições estão passando a dar a diferentes aspectos de diversidade”, afirmou Casado Filho.
Inteligência Artificial
Embora a inclusão de um latino-americano fosse uma das exigências do conselho, o papel de Putz não será o de representar a região e nem o Brasil no instituto. “Entre minhas atribuições está desenhar a estratégia do Ciarb para contribuir na resolução de conflitos no mundo, inclusive usando inteligência artificial para isso”, disse Putz.
Com 17 mil associados e filiais em 45 países, incluindo o Brasil, o Ciarb é uma entidade sem fins lucrativos formalmente reconhecida pelo reino da Inglaterra. Sua função é propiciar a resolução alternativa de litígios (ADR, na sigla em inglês), ou seja, evitando o meio judicial.
Os principais beneficiários dessa abordagem são empresas em disputa. “A renovação do conselho permitirá agregar à arbitragem, tradicionalmente feita por advogados e peritos, visões complementares e mais adequadas às demandas atuais”, afirmou Putz. “Além disso, iremos supervisionar a gestão do próprio instituto para assegurar todas as questões de compliance.”