Móveis: Unicasa aposta na marca premium Dell Ano para crescer

Por Sérgio Vieira

Em um período em que a população teve que, obrigatoriamente, ficar em casa, a partir da necessidade do isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, alguns segmentos econômicos conseguiram se destacar em termos de resultados financeiros, principalmente os que tinham alguma relação com consumo ou cuidados com o lar. É nesse contexto que a companhia gaúcha Unicasa, dona das marcas de móveis planejados Dell Ano, New e Casa Brasileira, fechou 2022 com receita bruta de R$ 298,6 milhões, alta de 11,8% sobre o ano anterior (R$ 267,2 milhões).

“As pessoas passaram mais tempo em casa e tiraram alguns projetos da gaveta que fariam em outro momento. Isso explica parte dos resultados de 2021 e 2022”, disse Guilherme Possebon de Oliveira, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Unicasa, única empresa brasileira de capital aberto do setor moveleiro.

Mas, se o lockdown ajudou com as vendas, a retomada da rotina fora de casa, e de volta de boa parte das pessoas para o ambiente de trabalho, contribuiu para que as vendas tivessem uma retração neste ano.

Nos primeiros seis meses de 2023, a moveleira registrou faturamento de R$ 121,3 milhões, o que representou queda de 15% sobre os R$ 142,7 milhões reportados no mesmo período de 2022.

Ainda assim, quando levados em conta apenas os resultados nas mesmas lojas nestes 12 meses (same store sale), as vendas tiveram aumento de 8%, o que equalizou os desempenhos das lojas novas e em maturação. Hoje são 154 revendas exclusivas das três marcas no Brasil (no fim do ano passado eram 163 unidades).

O que tem acontecido, na prática, é um alargamento no prazo para efetivação dos pedidos dos planejados e envio para a fábrica. Entre os fatores estão o efeito dos juros altos, ainda que com tendência de queda, que afeta o crédito. Isso significa que, muitos dos que estão recebendo seus imóveis das construtoras, estão postergando para concluir as obras de decoração nos cômodos.

E, para voltar a crescer, a empresa decidiu investir ainda mais em sua marca premium, a Dell Ano, em uma linha de produção alemã, que começou a ser montada em 2020, e que vai garantir a produção de peças mais editáveis, fora dos estilos modulares pré-estabelecidos.

“A gente de fato vislumbra que a empresa vai crescer em longo prazo neste tipo de produto, como uma espécie de alfaiataria do móvel. É oferecer um modelo milímetro a milímetro, de acordo com o gosto do cliente”, afirmou o executivo. “É uma opção mais customizada, sem qualquer limitação. Dá para fazer qualquer modelo em qualquer espaço.”

Isso significa também uma melhor relação com o arquiteto, que é o principal ponto focal com o consumidor final, principalmente dos clientes da Dell Ano, que hoje registram tíquete médio na casa de R$ 100 mil. Consumidores da New gastam em média R$ 40 mil, e os da Casa Brasileira, na faixa de R$ 25 mil.

Os investimentos com a máquina na fábrica de Bento Gonçalves (RS) somam R$ 100 milhões. Até aqui, já foram aportados cerca de R$ 75 milhões. A conclusão da operação será em 2025, quando a companhia completará 40 anos.

“Hoje as peças passam por uma máquina e depois vão para outra linha fazer a furação. Com esse novo processo, isso vai ser feito diretamente. A gente vai ganhar em tempo e produtividade”, disse Oliveira.

“A tendência é que aumente a demanda por customização. Com a nova máquina, vamos conseguir entregar e praticamente dobrar nossa capacidade de produção nesse modelo.”
Guilherme Possebon de Oliveira, diretor da Unicasa

A eficiência também está conectada com práticas sustentáveis. Em abril, a Unicasa conquistou o Certificado de Energia Renovável e Panorama Sustentável, pela empresa de gestão de energia Ludfor, que atesta o uso de fontes renováveis e valida a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Desde que implementou as medidas, a fábrica já deixou de emitir mais de 1,9 tonelada de CO2, o que corresponde ao plantio de 10,8 mil árvores. Um móvel praticamente exclusivo e sustentável, o caminho da Unicasa para estar ainda mais presente nas casas brasileiras. Com sotaque gaúcho.