Mudanças climáticas, neoindustrialização e a promoção da diversidade racial

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Raphael Vicente: "A neoindustrialização, ou seja, o esforço para reverter o processo de desindustrialização, deve ser um imperativo no Brasil, sob pena de ficarmos obsoletos" (Crédito: Divulgação)

Por Raphael Vicente

Uma questão essencial ao mercado hoje é como se relacionam, quais as tendências e os desafios atrelados às mudanças climáticas, a neoindustrialização e a promoção da diversidade racial nos negócios?

A única certeza dos tempos atuais é de que a mudança chegou em todos os sentidos. Lidar com as suas complexidades é um imperativo da gestão. Os efeitos das mudanças climáticas, há muito tempo anunciados, estão latentes, provocando todo o tipo de efeito nos negócios.

A neoindustrialização, ou seja, o esforço para reverter o processo de desindustrialização, deve ser um imperativo no Brasil, sob pena de ficarmos obsoletos. Aumentar a competitividade da indústria nos mercados nacionais e internacionais, buscar a inovação, eficiência, sustentabilidade e integração ao comércio internacional, como uma medida de crescimento econômico sustentado, ecoa imediatamente com a sustentabilidade nos negócios, uma vez que esta tornou-se uma exigência nos principais mercados do mundo.

As mudanças no mercado de trabalho estão desconstruindo e reconstruindo setores inteiros, exigindo novos conhecimentos, habilidades e ajustes de toda natureza. A luta contra todas as formas de discriminação no ambiente de trabalho escancarou culturas nocivas à saúde mental e consequentemente física, assédios, líderes despreparados e, inclusive, os prejuízos pela não atração ou retenção de talentos, além da ineficiência e queda de produtividade de ambientes tóxicos, o que incide diretamente nos desafios de uma neoindustrialização no Brasil.

Em 2023, essas serão as pautas do maior encontro de presidentes, CEOs e líderes empresarias da América Latina tratando da promoção da equidade racial, o Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, que ocupará a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) nos dias 16 e 17 de novembro, e reunirá presidentes de empresas, especialistas do Brasil, internacionais, do mercado corporativo, financeiro e membros do setor público. A realização é da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, Fiesp e Mover – Movimento pela Equidade Racial, e está em sua terceira edição.

Entre as presenças internacionais já confirmadas estão a norte-americana Reta Jo Lewis, presidente do Banco de Exportação e Importação dos EUA, e a nigeriana Ngozi Okonjo–Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ambas farão conferências no dia 16. Reta Jo Lewis também participa da mesa do Conselhão CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável da Presidência da República, que ocorrerá no dia a partir das 14h.

A proposta do fórum é se debruçar sobre os desafios aqui elencados e buscar de uma forma interseccional valiosas e potentes ações que possam garantir ações de enfrentamento as mudanças climáticas, avanço da neoindustrialização e a ampliação da inclusão, participação das minorias sociais, bem como da construção de mecanismos e políticas públicas e privadas que permitam o fortalecimento, o financiamento e a consolidação da diversidade racial como valor social, empresarial e corporativo relevante.

Os desafios estão postos, agora cabe a nossa geração não repetir os erros do passado. O desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades (Nosso Futuro, ONU).

Raphael Vicente, Diretor-Geral da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial. Advogado, Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Professor e diretor Geral da Universidade Zumbi dos Palmares