Revista

Apagão a culpa é da árvore

Crédito: Divulgação

Por Paula Cristina

Poucas situações na história recente das crises no Estado de São Paulo são tão vergonhosas quanto a que envolve o apagão que começou na sexta-feira (3), se arrasou por dias e atingiu quase 5 milhões de lares. Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, culpou a Enel, empresa de distribuição de energia que foi privatizada pelo governo do Estado. O governador, Tarcísio Freitas, culpou os prefeitos que não cuidam da infraestrutura e não enterram os cabos de energia. O presidente da Enel em São Paulo, Max Lins, apontou para as árvores como culpadas e chamou o evento de excepcional. Eu diria que se alguém perguntasse à árvore o que ela acha disso tudo, ela falaria que a culpa recai nos três cidadãos citados acima, que não pararam suas vidas para desenhar um plano de contingência, de emergência e de saída para uma crise dessas antes que o estrago tivesse sido feito.

LDO
Emenda pior que o soneto

Pedro Ladeira

A gente mal se acostumou com o fim do Orçamento Secreto (e nem digeriu ainda a solução criativa do governo Lula de liberar recursos aos parlamentares mas não chamar de emenda) e uma outra bomba começa a ser armada em Brasília. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, Danilo Forte, decidiu ser necessária a criação de mais uma emenda parlamentar (além das três já obrigatórias e que devem receber cerca de R$ 40 bilhões ano que vem). A nova linha de financiamento, por assim dizer, seria destinada `as bancadas paºrtidárias (as atuais emendas de bancadas estaduais, temáticas e individuais não bastam). Ele não confirmou que sua execução será impositiva, mas deixou claro que é uma alternativa ao fim do Orçamento secreto. Deixo aqui a exata fala do nosso relator. “Nós estamos criando um novo espaço, uma nova rubrica, um novo título que é a RP5. É uma iniciativa nova em que as bancadas pela representação terão uma participação de influir na construção orçamentária do país. ” Lá vem.

Política Internacional
Primeiro-ministro de Portugal deixa o cargo

Pedro Nunes

Depois de três mandatos e uma reviravolta eleitoral surpreendente, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, do Partido Socialista, entregou seu cargo na terça-feira (7). A renúncia de Costa veio após a Procuradoria-Geral da República portuguesa anunciar que ele é alvo de uma investigação sobre um suposto esquema irregular de exploração de lítio e de hidrogênio verde por parte do governo do país. No dia 6, a polícia portuguesa fez uma operação de busca e apreensão em sua casa e em ministérios e prendeu o chefe de gabinete de Costa, como parte do mesmo caso. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que aceitou a renúncia – Sousa é o chefe de Estado do país, e cabia a ele decidir se demitia Costa. Rebelo de Sousa se reuniu na quarta-feira (8) com os líderes dos partidos do país. Agora, ele decidirá quando realizará novas eleições.

Mundo
Atividade econômica encolhe na Europa

A retração da atividade empresarial da zona do euro acelerou no mês passado uma vez que a demanda no setor de serviços enfraqueceu ainda mais, segundo Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto, divulgado na segunda-feira (6). A economia contraiu 0,1% no último trimestre, o que confirmou a tendência do bloco ter entrado neste trimestre com fraqueza.O PMI, compilado pela S&P Global, caiu para 46,5 em outubro em relação a 47,2 de setembro, sua leitura mais baixa desde novembro de 2020, quando as restrições da Covid-19 foram reforçadas em grande parte do continente. O indicador ficou abaixo da marca de 50 pontos, marca que separa crescimento de contração pelo quinto mês consecutivo e repetiu a leitura preliminar. O resultado sugere que há uma chance crescente de recessão no bloco de 20 países.

Fátima Meira/Futura Press

“Quero que vocês aprendam que a gente não precisa diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada (…). A gente não vai tentar vender a cama para dormir no chão” Lula, em uma alfinetada à Enel, empresa privatizada de energia de São Paulo, que é alvo de críticas após apagão que deixou 5 milhões de pessoas sem luz no estado.

Contas Públicas
Déficit nas alturas

As contas do setor público consolidado registraram déficit primário de R$ 97 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, informou o Banco Central na quarta-feira (8). A título de comparação, no mesmo período do ano passado, houve superávit de R$ 126 bilhões. A piora no acumulado deste ano, portanto, foi de R$ 223 bilhões.

Isso significa que as despesas do governo federal, estados e municípios seguem muito acima da arrecadação (e esse número nem considera os juros da dívida pública). O saldo negativo de janeiro a setembro deste ano representa o pior resultado para esse período desde 2020, quando, no início da pandemia da Covid-19, o governo elevou gastos com benefícios para a população.

Os números surgem na semana em que o governo federal tem tratado de reforçar falas sobre aumento na arrecadação. O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, batem com frequência nessa tecla, mas as ações palpáveis para chegar ao déficit zero ano que vem (como prometido em campanha) parecem mais uma muleta linguística que um caminho claro. Na quarta feira Haddad se encontrou com líderes dos partidos no Congresso para tratar sobre alternativas para aumentar a arrecadação revisando impostos de grandes empresas, possibilidade que parece ser de outro mundo para os parlamentares.