Finanças

Como a BMG Seguros cresce com posicionamento disruptivo

Apoiada em inovações que vêm provocando o mercado, a BMG quer ir além do que faz uma seguradora e “ampliar a resiliência do cliente”

Crédito: Divulgação

Para os sócios e cofundadores Renata Oliver (foto) e Jorge Sant’Anna, o grande ponto a favor da empresa é ouvir o cliente para oferecer produtos que atendam suas demandas (Crédito: Divulgação)

Por Celso Masson

O aniversário de sete anos da BMG Seguros está sendo comemorado agora, no mês de junho, mas os presentes começaram a chegar já no ano passado. Primeiro foi a a consagração como melhor seguradora para trabalhar, segundo o Great Place to Work (GPTW). Para o cofundador e CEO Jorge Sant’Anna, o time é o maior ativo da empresa — e o prêmio reconheceu o compromisso da alta liderança com seus 200 colaboradores. “As pessoas são a fortaleza da companhia. Entramos na pandemia com 50 funcionários e saímos dela com 150”, afirmou Sant’Anna. “Temos paixão pela inclusão”, disse, destacando que mais de 60% da equipe é formada por mulheres.

Enquanto ainda celebrava o prêmio do GPTW, a BMG fechou 2022 entre as três maiores do País no segmento de seguro garantia, mesmo competindo com empresas bem maiores e com mais tempo de mercado.

De acordo com a cofundadora e vice-presidente, Renata Oliver, pesou para isso o propósito que norteia a BMG desde sua criação. “O grande ponto a nosso favor é entender a demanda do cliente. A indústria de seguros sempre foi voltada para o produto e não para o segurado”, disse a VP. “Vimos uma oportunidade e nosso olhar fez a diferença.”

Jorge Sant’Anna, cofundador e CEO: time é o maior ativo da empresa (Divulgação)

No que depender dos sócios, essa filosofia disruptiva renderá muitas conquistas até 2026, quando a BMG Seguros completará sua primeira década de vida. “Nossa trilha de crescimento é exponencial e temos um plano ambicioso para os próximos anos”, afirmou Sant’Anna. “Já somos protagonistas em diversas iniciativas e seguiremos provocando o mercado com nossas ideias.” Uma delas foi a parceria com a FGV no Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros (FGV IISR), que realiza pesquisas e análises sobre as tendências no setor.

Como a BMG inova nos negócios

Por trás da constante evolução da empresa e das projeções para seguir crescendo em meio ao que Sant’Anna chama de “movimento tectônico do mundo dos seguros” está uma forma original de fazer negócios.

Ela é baseada na digitalização, que proporciona duas vantagens. A primeira é permitir o acesso a mais clientes de forma dinâmica, sem depender de uma ampla rede de corretores. A segunda é simplificar a jornada de quem precisa contratar seguros e não consegue entender o que está comprando, se é caro ou barato, se vai atender suas necessidades.

O foco central da BMG são pequenas e médias empresas, mas ela também atua junto às grandes. “Meu sonho é que a companhia seja altamente conectada com cada cliente, que o entenda e devolva rapidamente o que ele precisa”, disse Renata.

Para Sant’Anna, a tecnologia facilita esse processo, permitindo transformar uma compra em uma experiência.

“A gente não quer ser apenas uma seguradora. Queremos ampliar a resiliência do cliente, ajudá-lo a enfrentar um momento difícil.”
Jorge Sant’Anna, cofundador e CEO

Criada em 2016 a partir de um investimento do banco BMG, mas sem estar diretamente subordinada ao controle da instituição, a seguradora recebeu um aporte da italiana Generali, que passou a deter 30% do capital. “Mais importante que o recurso foi ter todo o apoio de uma das líderes do setor para que pudéssemos desenvolver produtos inovadores”, disse Sant’Anna.

No ano passado, as receitas somaram R$ 355 milhões. Agora, o banco BMG acaba de recomprar a parte que estava com os italianos. Mesmo sem a participação estrangeira, a empresa busca inspiração nas boas práticas internacionais, onde o setor é bem mais sofisticado.

Infraestrutura

No Brasil, onde a penetração dos seguros entre pequenas e médias empresas é inferior até à da Argentina, o cenário é de mudanças. Positivas. Além do open insurance, que tende a baratear as apólices por meio do estímulo à competição, as coberturas poderão ser mais flexíveis, com prêmios calculados no uso efetivo.

Além de a digitalização reduzir o tempo de contratação e de recebimento das indenizações, o CEO da BMG prevê um rápido avanço na área de infraestrutura. “O seguro vai permitir que as obras recebam investimentos dos fundos de pensão”, afirmou Sant’Anna.

Segundo ele, embora isso já funcione há mais de um século nos Estados Unidos, a legislação brasileira só acordou agora para o tema. A resolução 5.070 do Conselho Monetário Nacional, aprovada em abril, autoriza que uma debênture emitida por um fundo de pensão seja protegida por uma seguradora.

Para os sócios da BMG Seguros, essa e outras mudanças irão beneficiar os competidores que forem mais ágeis. “Ter velocidade de implantação é algo que importa, assim como não lutar contra as inovações do setor”, afirmou o disruptivo Sant’Anna.

Provocações com fundamento acadêmico

Empresa 100% cloud e com uma assistente virtual , a BMG participou da criação do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros em parceria com a Fundação Getulio Vargas

Foi durante a pandemia que as transformações do cenário de seguros se tornaram mais palpáveis no mundo todo. Os impactos econômicos causados pelo isolamento, social por lockdowns e pela perda precoce de milhões de vidas foram sentidos de maneira aguda em diversos setores — e, como tantos outros, o mercado de seguros precisou se reinventar.

Em paralelo à crise sanitária, havia o sentimento de que a utilização dos produtos e serviços oferecidos por essa indústria ainda era bastante limitada no Brasil.

Criado em 2021, o Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros (IISR) é uma parceria da Fundação Getulio Vargas (FGV) com os agentes de mercado e reguladores do setor.

Para o CEO da BMG Seguros, Jorge Sant’Anna, que integra o Conselho Consultivo do IISR, a interlocução acadêmica traz embasamento para as provocações junto ao mercado tradicional, que teme perder receita com transformações como o open insurance e a digitalização do setor.

Antecipando-se às mudanças, a BMG já é uma empresa “100% cloud”, com operação em nuvem, e com uma assistente virtual com nome e sobrenome: Yara Ribeiro. É descrita como uma mulher negra, com ascendência indígena, originária de Manaus. “Formada em direito, tem como grande paixão gerar grandes negócios”, afirma o site da BMG Seguros.

Uma apresentação que reforça os valores da companhia.