Investidor

Estrangeiros estão de volta à bolsa

A combinação da acomodação do juro de longo nos EUA e estabilidade nos indicadores brasileiros encoraja investidores globais a retornar ao mercado de ações

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Bom desempenho de alguns indicadores econômicos, como inflação, desemprego e aprovação de reformas, ajudou a convencer os investidores a retornar (Crédito: Divulgação)

Por Jaqueline Mendes

Eles saíram, mas retornaram. Depois de três meses consecutivos de saques, os investidores estrangeiros voltaram a apostar na bolsa brasileira em novembro. Pelos números mais recentes da B3, até o dia 21 de novembro, os gringos fizeram aportes líquidos de R$ 13,04 bilhões em ações no País. Mesmo sem ter o balanço fechado do mês, o montante é maior do que os aportes contabilizados em qualquer outro de 2023. Até então, o melhor mês do ano havia sido janeiro, com saldo positivo de R$ 12,55 bilhões.

O fluxo de capital estrangeiro na bolsa se justifica na curva de juros nos EUA. Os papéis americanos são vistos como investimento mais seguro do mundo. Por isso, a rentabilidade de todas as outras aplicações é comparada com o dos Treasuries. Assim, quando os juros longos nos EUA apresentam acomodação, como indicou o FED, outros ativos costumam receber mais recursos.

Esses juros longos americanos esfriaram nas últimas semanas porque o mercado passou a apostar que o Federal Reserve não aumentará mais os juros no atual ciclo de aperto, e que o corte das taxas pode começar antes do previsto. Este mês os dados de inflação, mercado de trabalho e produção industrial nos EUA vieram piores do que as estimativas de consenso do mercado.

OPORTUNIDADE

No caso do Brasil, o bom desempenho de alguns indicadores econômicos, como inflação, desemprego e aprovação de reformas, ajudou a convencer os investidores a retornar. Isso fez com que as ações de empresas importantes tivessem altas significativas, segundo Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos na WIT Invest. “Os setores que apresentaram melhores resultados são os de consumo cíclico, ligados ao agronegócio, moda, alimentos processados, aviação, construção civil e transportes.” Os papéis que mais subiram no mês, até a terça-feira 28, foram Metalfrio (76,49%), BRF (39,18%) e Azul (38,20%).

A continuidade desse bom momento, no entanto, ainda será definida pelo humor do mercado americano. Se os juros americanos apontarem para uma queda, o Ibovespa ainda pode subir entre 10% e 15% até o fim deste ano, na avaliação da estrategista Natália Costa, da consultoria First Advisors. “Por enquanto, todos os indicadores apontam para um crescimento constante da bolsa brasileira, já que o ambiente no exterior está favorável a busca por ativos de maior risco em mercados emergentes estáveis, como o Brasil.” Em novembro a B3 atingiu a maior marca dos últimos 12 meses, superando os 126 mil pontos no dia 28.