Negócios

Banco Bmg volta às origens; entenda

Depois de uma jornada digital, banco volta seu foco ao crédito consignado para o público 50+ e coloca em prática uma operação mais eficiente e rentável

Crédito: Divulgação

Felix Cardamone assumiu como CEO do Bmg em abril. Revisou processos, reduziu custos e aumentou a eficiência da operação em busca de maior rentabilidade (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Felix Cardamone assumiu o cargo de CEO do Banco Bmg em abril. Com uma pesada bagagem de experiência no mercado financeiro e de meios de pagamento, em que foi presidente do Banco Fibra e da ConectCar, além de vice-presidente do ABN AMRO Real, o executivo detectou duas situações na instituição de 93 anos. Em uma perspectiva geral, observou um banco de médio porte com R$ 24,1 bilhões na carteira de crédito total, 13,2 milhões de clientes, R$ 4 bilhões de patrimônio líquido e R$ 44 bilhões de ativos totais. “Muito sólido”, na avaliação de Cardamone. Por outro lado, do ponto de vista operacional, a análise foi de que a companhia apostou demais no digital para atrair clientes. O que comprometera a rentabilidade, pois os novos usuários fugiam do perfil histórico do Bmg: pessoas com mais de 50 anos, consumidoras de crédito consignado. “Estamos resgatando o DNA do banco, pioneiro na oferta de crédito consignado no Brasil. Temos aplicado toda a tecnologia e inteligência hoje disponível para modernizar a instituição, sem fugir das nossas origens”, disse Cardamone.

Uma das primeiras medidas foi reorganizar sua estrutura corporativa. Levou para o alto comando do banco:
João Consiglio como novo vice-presidente de produtos e comercial;
Luiz Henrique Guimarães de Freitas no cargo de diretor de tecnologia;
Ricardo Takeyama para assumir a diretoria de crédito, cobrança e dados;
• Andrea Milan como diretora de pessoas, facilities e ASG;
Lauro Leite para liderar a diretoria de produtos, digital e experiência do cliente;
e Edilson Jardim como novo diretor comercial.

Em seguida, aumentou a eficiência da operação e diminuiu os custos em 10%, inclusive com corte de pessoal.

E também alterou as fontes de geração de contratos. Diminuiu os investimentos em marketing digital, que buscava clientes em mar aberto. Um canal de captura de clientes “que se mostrou cara” e um “mercado saturado de crédito”.

Outra medida foi descontinuar a parceria com varejistas na oferta de cartões de crédito. A avaliação foi de que essa carteira, mais volátil e curta, gerava mais inadimplência, com um cliente menos ativo.

A aposta em originação de negócios está focada, então, em três linhas: correspondentes, canais próprios — por meio das lojas Help! — e também do digital, que não foi totalmente descartado, apenas reformulado.

Para Flávio Guimarães, mantido como vice-presidente de sustentação de negócios do Bmg, a captura de clientes está menos agressiva, porém mais estratégica e eficiente. “Usamos nossas plataformas para aperfeiçoar o relacionamento”, disse.

João Consiglio, VP de produtos e comercial, corrobora. “Temos melhorado a jornada, proporcionando uma experiência fluída e muito transparente para nosso público. Estamos fazendo um banco de impacto”, afirmou.

Flávio Guimarães, VP de Negócios (Crédito:Divulgação)

“A captura de clientes está menos agressiva, porém mais estratégica e eficiente. Usamos nossas plataformas para aperfeiçoar o relacionamento.”
Flávio Guimarães, VP de Negócios

Paralelamente, com clientes mais alinhados à proposta do banco, as aprovações de crédito também estão mais conservadoras. A criação de uma área de controle interno integrada à gestão de riscos completa o arco de defesa da instituição financeira. A consequência é queda na inadimplência. E melhores resultados.

No balanço do terceiro trimestre deste ano, o BMG reportou lucro líquido de R$ 72 milhões, ante prejuízo de R$ 14 milhões no segundo trimestre e R$ 23 milhões positivo de janeiro a março. Dos 13,2 milhões de clientes, 57% possuem produtos de crédito e 22% de seguros, sendo que os produtos consignados representam 60% da carteira total do banco. Já as 785 lojas Help! espalhadas pelo Brasil têm sido potencializadas.

Funcionam na estratégia “olho no olho” principalmente para aposentados, pensionistas e servidores públicos que procuram antecipação de FGTS, crédito pessoal, empréstimo consignado e cartão de crédito.

O Bmg ainda dispõe de participação de 50% na assessoria de investimentos Araújo Fontes, o que possibilita ampliar o portfólio, com ofertas de produtos voltados ao perfil de seus clientes.

João Consiglio, VP de Produtos (Crédito:Hara Fotografo)

“Temos melhorado a jornada, proporcionando uma experiência fluída e muito transparente para nosso público. Fazemos um banco de impacto.”
João Consiglio, VP de Produtos

CLUBES

A imagem do BMG está vinculada ao consignado também ao patrocínio ao futebol. As cifras dispensadas em publicidade esportiva não são reveladas, mas serão aumentadas em 2024, segundo a cúpula do banco.

Hoje a instituição financeira patrocina tanto as equipes masculinas quanto as femininas do Corinthians, Atlético Mineiro, Vasco e Ceará. Dispõe de contas digitais para os torcedores dessas equipes.

Também é parceiro regional do gigante europeu Barcelona (ESP) – torcedores do clube catalão e correntistas do Bmg podem solicitar o cartão customizado do time.

Em 2023, o banco também patrocinou o Museu do Futebol, no icônico Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e em 2022 oficializou apoio – sem data para término – à Nossa Arena, um espaço na capital paulista exclusivo para mulheres treinarem e praticarem esportes.