Tecnologia

SAP Brasil e a gestão nas nuvens: tendência só vai crescer, diz executiva

Empresa alemã de tecnologia, SAP vive processo de transformação para colocar a computação em nuvem no centro dos negócios

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Gestão nas nuvens: os novos nativos digitais já chegam familizarizados (Crédito: Istockphoto)

Por Victória Ribeiro

Com uma trajetória de 51 anos, a empresa alemã de tecnologia SAP, especializada em softwares de gestão, está focada em um processo de transformação para se tornar uma companhia essencialmente voltada à computação em nuvem. A expectativa é que, até 2030, todas as empresas clientes que utilizam softwares no modelo de licenciamento já tenham migrado para o cloud, meio que permite centralizar o armazenamento e o processamento de grandes bases de dados através de servidores remotos. “A nuvem já é uma realidade da qual nenhuma empresa vai conseguir escapar. É lá que acontecem as grandes inovações, as quebras de paradigmas e a reinvenção dos negócios”, afirmou Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, à DINHEIRO.

De acordo com ela, a mudança exige um trabalho interno, o que vale para as empresas tradicionais e nascentes digitais. “Antes de uma nova tecnologia ser aplicada, é preciso parar, olhar para a gestão, e analisar a melhor forma de usar a solução.”

Nos três meses encerrados em setembro, a companhia anunciou salto de 16% nas vendas de softwares e serviços na nuvem em comparação ao mesmo período do ano passado, somando 3,5 bilhões de euros. O volume representa 45,5% da receita total da companhia, reportada em 7,7 bilhões de euros no mesmo espaço de tempo, avanço de 4% na base anual.

Quando se trata do Brasil, 30% dos clientes da subsidiária estão operando através da nuvem. A porcentagem pode parecer tímida, mas a performance do segmento no País, junto de Índia e Holanda, foi destacada no relatório global da SAP, embora os números regionais financeiros não tenham sido divulgados.

Os números recém-divulgados são um reflexo da transformação em percurso, mas também dos desafios. Por aqui, segundo Aroulho, os novos clientes são os principais usuários da tecnologia. “Os recém-chegados já nascem em cloud. O desafio tem sido os antigos, que precisam passar pelo processo de migração”, disse.

Por trás dessa questão, contudo, há outro tipo de mudança. Neste caso, positiva: a aproximação com o segmento de pequenas e médias empresas, algo que a alemã não alcançava de forma significativa. “A nuvem nos permitiu trabalhar com outro tipo de granularidade”, afirmou a presidente da SAP Brasil.

No Brasil, 30% dos clientes estão operando através da nuvem, performance destacada
no relatório global da empresa

Entre as vantagens da computação em nuvem, segundo a presidente da subsidiária, podem ser citadas simplicidade, adaptabilidade e economia, principalmente para aqueles que estão começando e desejam ganhar escala com uma velocidade que o modelo on-premise não foi capaz de escalar.

Segundo Aroulho, a tecnologia também é escolha certeira para rodar as grandes bases de dados exigidas pela inteligência artificial (IA). “Assim como a nuvem, a IA faz parte da realidade. As duas podem caminhar juntas e muito bem.” Para incentivar a migração, a estratégia principal tem sido oferecer ofertas de soluções paralelas, como o RISE With SAP, serviço desenvolvido para auxiliar organizações que usam softwares ERP on-premise a migrarem para a nuvem em ritmo e jornada guiada personalizados, a depender do tamanho e tipo de empresa. “Também estamos sentando com os clientes para tentar mostrar os benefícios de apostar nessa tecnologia”, disse a presidente da SAP Brasil.

PARA SUSTENTABILIDADE, O CLOUD

Na liderança global do mercado de softwares para gestão, com mais de 425 mil clientes espalhados em 180 países do mundo, a gigante de tecnologia está, de fato, de olho nas tendências. Além da aposta no cloud, a empresa está empenhada em ampliar o ESG.

Segundo novo estudo global promovido pela SAP com participação de 4.750 líderes de médias e grandes empresas, as corporações nacionais estão aumentando a aposta em ações de sustentabilidade:
63,5% dos líderes pretendem ampliar os investimentos na área nos próximos três anos,
enquanto 25,2% esperam manter o nível atual de investimento.

“Uma empresa sustentável é uma empresa eficiente. É um ciclo do bem, mas que não ‘pára em pé’ quando fica apenas no discurso”, disse a presidente. Outro ponto de destaque no estudo é que mais da metade (53,8%) dos líderes brasileiros enxerga uma relação positiva entre ações de sustentabilidade e a lucratividade, contra 29,2% da média global. É quase o dobro.

Além disso, 60,8% dos empresários do País acreditam que o uso consciente dos recursos naturais amplia a capacidade competitiva e de ganhar mercado.

Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil (Crédito:claudiobelli.com)

”Assim como a IA, o cloud já é uma realidade da qual poucas empresas conseguirão escapar.”
Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil

MONITORAMENTO

Apesar do fluxo positivo em direção a um modelo estratégico para reduzir o impacto ambiental, Aroulho diz que a ideia não se sustenta sem um olhar direcionado para dados. E nesse ponto, a nuvem é um caminho promissor. De acordo com ela, o cloud conversa com o ESG de duas formas diferentes.

Em primeiro lugar, na maioria dos cenários ela costuma ser uma alternativa mais sustentável do que os famosos data centers.

Mas a verdadeira força da nuvem, na opinião dela, está nas possibilidades que essa tecnologia abre para que as empresas monitorem suas pegadas de carbono e outros indicadores ESG.

“Imagine uma uma fábrica que tem todos seus parceiros rodando na nuvem. É muito mais simples tornar esses dados disponíveis para aferições de forma segura, preservando a integridade e a confiabilidade. E com a IA, o potencial se amplia, porque muitas dessas análises podem ser automatizadas”, disse a executiva.

Segundo Adriana Aroulho, tecnologia cloud amplia possibilidades para que empresas monitorem pegadas de carbono e outros indicadores de impacto ambiental (Crédito:Istockphoto)

Para dar vida a essa virada de chave que une os dados ao ESG, a SAP foi além das soluções para empresas clientes e encontrou uma forma de colaborar com um desenvolvimento mais sustentável da Amazônia fornecendo seus softwares à Fundação Amazônia Sustentável (FAS). O objetivo é aumentar a transparência de doações por meio de uma visão mais ampla e integrada dos investimentos, bem como do impacto socioambiental gerado.

O projeto é baseado em ferramentas como o SAP Analytics Cloud, que oferece inteligência de dados e análise preditiva para ações futuras, e o Control Tower, que monitora e analisa dados de forma customizada para medir o impacto das ações da FAS em sua missão de atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU. “O que eu vejo é que a tecnologia pode ser uma grande aliada, porque você não faz gestão daquilo que você não mede. Isso vale para qualquer setor, desde a diversidade até o meio-ambiente.”