ESG

Saiba como a Heineken pretende reutilizar suas garrafas

Cervejaria adota modelo de long neck retornável e financia projetos para ampliar programas de coleta seletiva de vidro. Meta é chegar a 80% de circularidade da marca até 2030

Crédito: Edna Marcelino

Segundo Mauro Homem, VP de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken, a empresa tem investido R$ 17,5 milhões por ano em ações de reciclagem e circularidade (Crédito: Edna Marcelino)

Por Sérgio Vieira

Água, malte e lúpulo. E o casco de volta. Essa tem sido a principal receita da gigante Heineken no Brasil para avançar nas iniciativas de sustentabilidade da companhia e alcançar a meta de ser net zero na cadeia de valor até 2040. Neste sentido, o desafio tem sido encontrar saídas para garantir a circularidade da long neck, a famosa garrafinha verde de 330 ml com a estrela vermelha, responsável por 80% de do material produzido a partir do vidro que não é retornável.

“A Heineken mudou um pouco o perfil do consumo do brasileiro, principalmente quanto ao sabor, com o puro malte, e em relação ao formato, que não existia havia anos”, disse Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken. Para garantir o resultado na reciclagem e na circularidade, a Heineken tem investido R$ 17,5 milhões ao ano nessas ações.

A missão está no fato de que, no caso da long neck, o consumo basicamente é feito no modelo off trade (pontos de venda como supermercado, lojas de conveniências, quiosques, entre outros), ao contrário do on trade, quando o cliente consome a bebida no local, como em bares, por exemplo.

Esse é o caso majoritário das garrafas tradicionais de cerveja de 600 ml, quando o consumidor não leva a embalagem. Nesse modelo, mais de 65% dos rótulos do portfólio já são retornáveis. Mas a companhia quer chegar à marca de 100% de circularidade das embalagens no canal on trade até 2025. E de pelo menos 80% da circularidade da marca Heineken até 2030.

Empresa tem investido em garantir o retorno das garrafas, já que 80% do portfólio que não é reciclado vêm de long neck (Crédito:Divulgação)

Desde março de 2023, a companhia implementou o modelo de long neck retornável na região Sul do País. “O nosso sonho é que todo consumidor que vá a um bar e peça uma long neck, que essa garrafa fique lá e retorne à cadeia, em uma logística reversa perfeita”, afirmou Homem. A iniciativa deverá ser estendida em 2024, provavelmente na região Sudeste, em locais que ainda não foram definidos.

Ao contrário do alumínio, que consegue alcançar a marca de 98% de reciclagem no País, com uma cadeia muito bem desenvolvida, no caso do vidro o cenário é bem diferente. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Vidro (Abividro), são colocados no mercado cerca de 1,3 milhão de toneladas ao ano. Desse total, apenas 300 mil toneladas são recicladas, o equivalente a 23%.

A ausência de programas de coleta seletiva deste material na maior parte dos municípios e o descarte incorreto pela população são os principais gargalos.

CIRCULARIDADE

Para tentar mudar parte desse panorama, a Heineken expandiu para bares e restaurantes neste ano o programa Volte Sempre, criado em 2018, com o objetivo justamente de ampliar a circularidade das embalagens de vidro. O projeto consiste na instalação de máquinas para coleta e trituração dessas garrafas. O consumidor recebe em troca cashback para desconto em produtos da Heineken.

Desde que foi lançado, o programa registrou a coleta de mais de 785 mil embalagens, o que representa cerca de 377 mil toneladas do material e economia de 269 m³ em aterros sanitários. Atualmente o programa está presente em cidades como:
• São Paulo,
• Campinas (SP),
• Juiz de Fora (MG),
• Belo Horizonte,
• Recife,
• Maringá (PR),
• Florianópolis,
• Rio de Janeiro,
• Brasília,
• Goiânia,
• Salvador,
• Aracaju.

Por meio do Instituto Heineken, lançado em 2022, a empresa vem realizando parcerias com cooperativas de reciclagem para amplificar essa ação no País. “Nosso papel é de ser um grande influenciador e de financiar ações importantes neste sentido”, disse.

Em parceria com o Instituto Recicleiros, a cervejaria tem ajudado no suporte dos municípios para implementar serviços de coleta seletiva. “Também ajudamos na infraestrutura das cooperativas e no elo entre quem coletou e selecionou este material com este fornecedor, que no final é o nosso fornecedor de vidro”, disse Homem.

Para o executivo da Heineken, mudar o cenário da cadeia de reciclagem de vidro no País é uma responsabilidade do setor público, da iniciativa privada e da sociedade. “Os municípios precisam ter uma cobertura melhor dessa coleta. Feito isso, precisamos ter cooperativas de catadores mais equipadas. E ter uma melhor logística para compradores do vidro”, afirmou o vice-presidente. “Nossos fornecedores precisam participar dessa cadeia. É importante que todos façam sua parte.”