Aplicar em previdência privada é como corrida de longa distância; entenda
Disparada da captação líquida dos planos no ano passado deve se repetir em 2024, com ganhos maiores dos fundos com renda fixa e ações
Especial Onde investir em 2024
Por Hugo Cilo
A busca por alternativas de renda complementar na posteridade e as mudanças graduais nas regras da aposentadoria pelo INSS, impostas pela Reforma da Previdência de 2019, têm feito da previdência privada uma das modalidades de investimento de longo prazo mais buscadas pelos brasileiros nos últimos anos. De acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o mercado de planos de previdência privada aberta no País registrou entre janeiro e outubro de 2023 (último dado disponível) captação líquida de R$ 32,4 bilhões, uma expansão de 13% em relação aos dez primeiros meses de 2022. Em termos de valores totais, no mesmo período a arrecadação dos planos de previdência acumulou R$ 139,1 bilhões. Ao mesmo tempo, os ativos do segmento estão em R$ 1,4 trilhão, o que equivale a 13% do PIB nacional.
Esse movimento tende a se repetir neste ano. Além da perspectiva de maior restrição da aposentaria pública, o investimento em previdência privada ganha mais visibilidade à medida que os retornos com a renda fixa – em um cenário de Selic resiliente, acima de dois dígitos – e a forte alta do mercado de ações trazem perspectivas de ganhos interessantes para o investidor, especialmente aos que miram acúmulo de capital e geração de renda mensal em longo prazo.
Atualmente, 11 milhões de pessoas (9% da população) possuem previdência privada, sendo 8,8 milhões deles com planos individuais.
Medo do INSS
11 milhões de brasileiros têm planos privados de previdência, só 9% da população
Nesse contexto, 91,5% das contratações são de planos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), responsáveis por R$ 101,6 bilhões e correspondem a 62% dos planos comercializados. Outros 6,6% foram do PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), os quais somaram R$ 7,3 bilhões, e que representam 21% do total de planos. Os demais planos contratados foram os Tradicionais (17%) que arrecadaram R$ 2,1 bilhões, aproximadamente 1,9% do total.
Para o economista Bruno Hoffman, head de previdência da Nomos Investimentos, o aumento da idade da aposentadoria social e as regras mais rígidas fazem parte de um processo natural do aumento da longevidade da população, e torna os investimentos em previdência privada uma opção interessante de longo prazo.
“O segredo é começar o quanto antes. O poder dos juros sobre juros é o que torna esse investimento atraente”, afirmou Hoffman. “Além disso, há vantagens tributárias, com a possibilidade de abater até 12% do valor investido sobre a base de cálculo do Imposto de Renda nas modalidades PGBL, que trazem vantagens como investimento de longo prazo” disse.
A dica de começar o quanto antes não significa, na avaliação de Hoffman, que os quarentões ou cinquentões estão fora do jogo. Ao contrário. “Hoje, quem tem mais de 40 ou a 50 ainda é uma pessoa é muito jovem. De maneira nenhuma deve descartar a previdência privada como opções de renda complementar. Isso porque os fundos de previdência se tornaram mais modernos nos últimos anos, com mais liberdade para fazer os investimentos e se adaptar à realidade de cada investidor.”
A captação líquida passou de R$ 32,4 bilhões até outubro e os ativos chegaram a R$ 1,4 trilhão, o que equivale a 13% do PIB
Um estudo da Fenaprevi comprova que a previdência privada tem ganhado espaço na composição de investimentos de longo prazo entre os brasileiros. O levantamento constatou que 82% dos entrevistados afirmam que pretendem planejar suas finanças para o futuro. Desses, 58% pensam nisso sempre ou frequentemente e têm objetivos para os próximos 12 meses. Três a cada quatro entrevistados (77%) dizem ter metas de planejamento financeiro, sendo que 31% pensam em poupar, guardar dinheiro e economizar, enquanto 27% disseram que a intenção é trabalhar mais.
Para o presidente da Fenaprevi, Edson Franco, o levantamento, que está na segunda edição (a primeira é de 2021), buscou mapear o sentimento do brasileiro em relação à necessidade de se proteger, planejar seu futuro financeiro, projetar como irá se sustentar na aposentadoria, além de sua atual visão acerca dos produtos do segmento, como os Seguros de Pessoas (Vida e Previdência).
“Percebemos um maior nível de consciência nas pessoas em relação à necessidade de se precaver frente às adversidades. Os dados mostram isso. Precisamos aproveitar essa oportunidade e vender nossas soluções à sociedade, ressaltando que não há proteção patrimonial sem proteção à renda”, afirmou o executivo.