Nasce o desenrola
Por Edson Rossi
Tirado de uma ideia que surgiu na campanha de Ciro Gomes — cidadão mais odiado que Bolsonaro por muitos petistas —, o governo Lula anunciou na segunda-feira (5) o Desenrola, programa para reduzir ou zerar as dívidas da população brasileira inadimplente. Foca em quem tem dívidas de até R$ 5 mil e renda familiar de até R$ 2,6 mil.
“Isso é algo como 30 milhões de pessoas que estão com o CPF negativado”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que falou da MP junto do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.
As renegociações valerão para dívidas abertas até dezembro. O governo irá ‘comprar’ por meio do Tesouro Nacional a dívida feita com credores e bancos que aderirem ao Desenrola.
A quitação do débito deverá ser negociada diretamente entre devedor e credor numa plataforma que ainda será lançada. Dívidas de até R$ 100 seriam perdoadas. O programa deverá começar a partir de julho e depende fortemente da adesão dos credores.
Na mira do crime
Problema na educação brasileira não é falta de grana. É o desvio da grana
Há muitos brasileiros pregando que apenas gente burra ou má-intencionada reclama pedindo mais verbas para a educação. Pelo noticiário, eles parecem ter razão. No primeiro dia de junho, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação com mandados de busca e detenção em investigação sobre o crime de desvio de dinheiro público do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Funcionou assim: uma empresa de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira, teria intermediado a venda de kits de robótica a escolas públicas. Para completa surpresa de absolutamente ninguém, comprou-se mais do que deveria, por preços superfaturados, para escolas que mal têm água encanada, muito menos internet.
Em um endereço em Maceió a PF encontrou ao menos R$ 4,4 milhões em dinheiro vivo. Somente em Alagoas, o esquema pode ter desviado R$ 8,1 milhões. O orçamento da FNDE este ano (R$ 84,3 bilhões) supera o do Bolsa Família (R$ 71,4 bilhões).
Fomc & Copom
Agenda decisiva para as taxas de juro
Terça-feira (13) e quarta-feira (14) serão dias de foco no Fomc, o comitê do Fed que decide sobre a taxa básica americana de juro. Levantamento feito com investidores mostra que para 79% o índice lá será mantido, após dez aumentos consecutivos. Exatamente uma semana depois (dias 20 e 21) vai ser a vez de o brasileiro Copom, do BC, mostrar quando reduzirá a Selic — se agora, se em agosto ou se em setembro, que é a maior aposta do mercado.
“È asciuto pazzo o patrone.”
Ditado napolitano usado quando alguém sai do nada dando presentes, dinheiro, benesses…
Economia
Banco Mundial prevê PIB melhor
Na terça-feira (6), o Banco Mundial divulgou suas projeções para o PIB global deste ano e elevou a estimativa de crescimento para 2,1%. Os dados foram divulgados no último relatório Perspectivas Econômicas Globais. O porcentual representa aumento em relação à previsão anterior (1,7%), do relatório de janeiro. Ainda assim, o índice segue bem abaixo da taxa de crescimento de 2022 (3,1%). No Brasil, o mercado prevê alta de 1,68% no PIB de 2023. Para o ano que vem, em termos globais, o Banco Mundial projeta a economia crescendo 2,4% (abaixo das previsões de 2,7% feitas em janeiro).
50,2% Porcentual de microempreendedores individuais (MEI) em atraso com a Receita Federal por pelo menos um mês — dados de março de 2023. São mais de 7,5 milhões que não pagaram o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).
Caso Americanas
Sergio Rial vira réu na CVM
Sergio Rial, executivo que comandou a rede varejista Americanas por nove dias em janeiro deste ano, virou réu em um dos processos sobre o rombo contábil de R$ 20 bilhões na empresa. A decisão é da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Rial é acusado de não ter feito uma “comunicação acessível ao público investidor”.
Ele foi formalmente acusado na sexta-feira (2). O processo trata da forma como a Americanas comunicou seu rombo contábil ao mercado. O teor do texto do fato relevante e a organização de uma teleconferência em que apenas parte do mercado conseguiu acompanhar estão na mira da CVM.
O órgão tem ao menos outros dez processos administrativos para investigar o rombo na Americanas. O ex-diretor de Relações com Investidores João Guerra Duarte Neto, que assumiu a presidência depois de Rial, também se tornou réu na CVM. Se condenados, os dois podem ter de pagar multas ou até serem banidos de atuar no mercado.
Focus: humor melhora
Previsão do mercado para os principais indicadores macroeconômicos do Relatório Focus de segunda-feira (5) indica leve variação negativa para câmbio e inflação — que ainda ficaria acima da meta (3,25%) e do teto da meta (4,75%) — e PIB em alta. Já a Selic segue sem alterações na expectativa há sete semanas, mas num patamar menor que a taxa atual (13,75%).