Gigante de reboques, Randoncorp busca rota da sustentabilidade
Gigante gaúcha de implementos rodoviários investe R$ 100 milhões em ações ambientais para reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa
Por Sérgio Viera
Dona da maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina, a gigante gaúcha Randoncorp sabe bem a estrada que pretende percorrer no caminho da sustentabilidade. Na rota, estão investimentos da ordem de R$ 100 milhões em iniciativas ambientais até 2030. O foco é apostar em energias renováveis, para conseguir cumprir o compromisso de reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa no processo de produção. “Chegaremos ao fim de 2024 com 55% da meta atingida e teremos mais cinco anos para alcançar o restante”, disse Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp.
Para chegar a esse objetivo, a empresa vem atuando em ações que envolvem escopos 1 e 2, com o objetivo de tirar veículos em combustão da fábrica e otimizar o uso de energia. “Esse é o grande vilão na emissão de gases. E estamos trabalhando muito para reduzir a utilização de energia que não seja limpa”, afirmou. Também está em andamento projeto para substituir gás natural por biomassa na operação da Frasle Mobility, uma das empresas do grupo, em um processo de caldeira verde.
A companhia inaugurou em outubro uma usina fotovoltaica em Farroupilha (RS), bem próxima de Caxias de Sul (RS), sede da empresa, e dentro do Centro Tecnológico Randon (CTR). São 2,4 mil painéis solares, suficientes para atender a demanda do espaço nos próximos 25 anos. Foram aportados R$ 7,2 milhões na iniciativa.
“Nosso esforço de transformação da empresa está funcionando. Estamos investindo muito no social, ambiental e nas pessoas. Vamos seguir nesse caminho.”
Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp
Outra meta estabelecida é de chegar até 2025 com 100% de reutilização dos efluentes tratados pela companhia. “Há algumas décadas que tratamos tudo, mas não reutilizamos em sua totalidade”, afirmou Carvalho. O compromisso também está totalmente atrelado à disposição em zerar, nesse período, a disposição de resíduos em aterro industrial. Por exemplo, todo o aço que a operação gera é derretido e usado na fundição. Já a areia utilizada é limpa e depois transformada em blocos para o setor de construção civil.
INICIATIVAS
• A Randon, empresa de implementos rodoviários do grupo, lançou carreta elétrica que consegue transformar qualquer caminhão em híbrido e ainda reduzir o consumo de diesel entre 10% e 25%. As primeiras unidades foram comercializadas no ano passado. A perspectiva é de que até o fim deste ano 30% do montante de R$ 100 milhões previsto nestes investimentos ambientais já tenham sido aportados.
• No pilar social, a companhia investiu, nos últimos cinco anos, cerca de R$ 120 milhões em ações na área de segurança para novos colaboradores e no instituto Elisabetha Randon, organização social mantido pela companhia.
• Pelo espectro da governança, o compromisso é duplicar o número de mulheres em cargos de liderança até 2025.
• A empresa também estabeleceu grupos de afinidade, para apoiar na transformação de uma cultura mais diversa e inclusiva. Atualmente são cerca de 200 pessoas envolvidas nos temas de equidade de gênero, raça e etnia, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. “Este é um processo e estamos avançando bastante. Não é uma questão matemática. É um aprendizado para todos nós”, afirmou o CEO da Randoncorp.
Para Anderson Poltalti, COO da vertical controle de movimento (Frasle Mobility) da Randoncorp e líder corporativo de saúde, segurança e meio ambiente, a pauta ESG da companhia é prioritária entre as ações. “Esses temas fazem parte do DNA da empresa. A gente sabe que é a coisa certa a fazer, de deixar às próximas gerações um mundo mais limpo, mais humano, mais seguro e mais verde”, afirmou. “Quando há novos desafios e demandas por ações ligadas à pegada de carbono, isso faz com que a gente esteja à frente da concorrência e cria valor e reputação. É maravilhoso avançar nessa pauta.”
A empresa, que acaba de completar 75 anos, faturou R$ 11,2 bilhões em 2022 e tinha a expectativa de fechar 2023 com receita líquida consolidada entre R$ 10,5 bilhões e R$ 12 bilhões (os números ainda não foram divulgados).
Hoje, 22% da receita corresponde à exportação ou produção fora do País. E a missão é chegar a 30% em três anos. “Nosso esforço de transformação da empresa está funcionando. Estamos investindo muito no social, ambiental e nas pessoas. Vamos seguir nesse caminho”, afirmou Carvalho. A rota de crescimento da Randoncorp está traçada. E ela é bem sustentável.