Como promover a sucessão visando resultados e legado

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Heverton Peixoto: "A sucessão passa pelo fortalecimento de comportamentos, atributos e competências esperadas pelas organizações" (Crédito: Divulgação)

Por Heverton Peixoto

A série de TV Succession trouxe à luz uma questão importante e que muitas vezes é relegada: a sucessão das lideranças nas organizações. A produção, que conquistou larga audiência no Brasil contando a história de uma família bilionária proprietária de um dos maiores conglomerados de entretenimento dos Estados Unidos, ressalta a relevância desse planejamento para a sequência do propósito, dos resultados perenes e do legado.

Líderes do futuro se envolvem e atuam para transmitir valores e preparar os seus times inclusive para a sucessão. Sempre antenados com a cultura organizacional e os programas conduzidos pela área de Gente e Cultura.

Geralmente, existe interesse natural das lideranças por manter o controle familiar nas organizações. Em grandes corporações, há movimentos também de busca por talentos prontos, fora da própria companhia, o que soa como menos trabalho.

No entanto, o melhor caminho é a formação a partir de treinamentos e oportunidades internas, que desenvolvem profissionais com aptidão para assumir cargos de liderança, dando continuidade ao propósito da empresa, com estratégias capazes de acelerar, potencializar resultados e entregar legado à sociedade.

Esse modelo faz sentido para o colaborador protagonismo da sua carreira, com senso de dono, paixão pelos projetos do grupo e o olhar que a empresa precisa para o futuro ­— não é preciso que eles sejam cópias dos atuais líderes.

A sucessão passa pelo fortalecimento de comportamentos, atributos e competências esperadas pelas organizações. Pelo feedback transparente e construtivo e por melhorias em pontos sensíveis dos colaboradores. Essa é a trajetória para reter os melhores profissionais, fortalecer o intelectual individual, confirmar o viés meritocrático, reforçar o employer branding e a perpetuação da identidade e rumos da marca.

Muitos líderes se escondem nesse momento, por medo de colocar em risco o próprio cargo e serem substituídos. Mas não, cabe aos gestores entenderem que aprimorar e desenvolver um sucessor geralmente significa abrir portas para novos desafios na companhia.

Para isso é preciso prezar pela liberdade com responsabilidade, laços de confiança, alta performance e alcance de resultados. Ah, e quanto orgulho dá ver “cria da casa” chegando à posição de liderança.

Aí vão dicas de como produzir relações que favoreçam a sucessão e estimulem o melhor em cada profissional:
1. Empatia: trate da orientação de carreira com atenção, comunicação não violenta e se colocando no lugar do outro. Quando necessário leve o colaborador a ter “os pés no chão”. Com cuidado, preservando relações interpessoais e objetivos;

2. Equilíbrio emocional: mantenha-se sadio, capaz de pensar sempre nas consequências, diante das situações. Esteja aberto à gestão de pessoas e à orientação dos talentos sucessórios;

3. Transparência e credibilidade: é a melhor forma de conquistar a confiança dos colaboradores e outros gestores. Preserve-as sempre e reforço esse ponto junto aos possíveis sucessores;

4. Delegue, mas esteja próximo do time: liberdade com responsabilidade, até para não se sobrecarregar. Transmita confiança e fique próximo para aumentar o envolvimento e desenvolvimento do time.

5. Lidere pelo exemplo: esse perfil de líder cria ambientes construtivos, onde as pessoas conseguem se apoiar e desenvolver, tendo como espelho alguém qualificado e experiente para orientar e corrigir com qualidade.

Os líderes precisam ser mentores para desenvolver potenciais talentos. Já os colaboradores devem estar atentos às oportunidades para crescer!

Heverton Peixoto é engenheiro civil com MBA em Corporate Finance no Insead, CEO do Grupo Omni e conselheiro do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV