É permitido sentir!
Por Heverton Peixoto
Até pouco tempo atrás, o mundo corporativo era marcado por um modelo de gestão que valorizava líderes por sua força, coragem e imagem de referência em conhecimento. Pouco se falava sobre inteligência emocional, mas associava-se a isso, quando o gestor mantinha a compostura inabalável diante das adversidades e as celebrações que, muitas vezes, eram realizadas de forma contida. Nesse contexto, permanecer inalterável perante os desafios significava não demonstrar vulnerabilidade e nem fraqueza.
Com o passar dos anos, a compreensão de liderança evoluiu. As empresas passaram a entender que a verdadeira inteligência emocional não significa ocultar as emoções, mas ter a habilidade de assimilar e gerenciar de forma eficaz os sentimentos próprios e, claro, os da equipe. Agora, os gestores são cada vez mais avaliados por sua capacidade de conduzir negócios de maneira ética e sustentável.
Dessa forma, as transformações passaram a refletir a importância de os líderes reconhecerem vulnerabilidades e celebrar conquistas para construir equipes resilientes e motivadas. Atualmente o mercado valoriza gestores autênticos, capazes de se adaptar às mudanças e criar ambientes de trabalho mais inclusivos e colaborativos. Um líder seguro reconhece a importância da empatia e da comunicação aberta, capazes de inspirar confiança entre os colaboradores e criar um ambiente propício ao diálogo.
Um líder que é corajoso e aspiracional, também reconhece seus temores e questionamentos e os compartilha de maneira espontânea, estabelecendo uma conexão mais genuína com o seu time. O resultado é um ambiente onde a confiança deve prosperar, pois os membros da equipe se sentem compreendidos e valorizados.
Essa transição no conceito de liderança reflete não apenas a evolução das práticas de gestão, mas também uma compreensão mais profunda da natureza humana e do papel fundamental das relações interpessoais no ambiente de trabalho. A capacidade de compartilhar a visão da empresa, ao mesmo tempo em que reconhece a complexidade e a presença de variáveis desconhecidas, contribui para a construção de uma cultura organizacional baseada na confiança e na colaboração.
No contexto das ações ESG, é fundamental entender que essas práticas vão além de simples promessas e exigem a implementação efetiva de medidas tangíveis. As empresas que conseguem tirar do papel suas promessas e traduzi-las em ações concretas, estão mais bem posicionadas para enfrentar os desafios do ambiente de negócios contemporâneo.
Admitir que há variáveis fora do controle do líder é um sinal de humildade e respeito pela diversidade de talentos e habilidades no time
Dessa forma, ter um líder que compreende e incorpora esses princípios é crucial. A transparência e a responsabilidade social demonstram sensibilidade com questões sociais e ambientais e fortalece a posição da companhia perante a comunidade, ingredientes fundamentais para manter o alinhamento com as demandas do mundo corporativo moderno e contribuir para o desenvolvimento sustentável da empresa.
Além disso, a prática de lidar com a incerteza e admitir que há variáveis fora do controle do líder é um sinal de humildade e respeito pela diversidade de talentos e habilidades no time. Ao criar um ambiente que acolhe essa compreensão, as empresas estabelecem as bases para o desenvolvimento conjunto de soluções inovadoras e a adaptação ágil às mudanças no cenário empresarial.
A verdadeira liderança está em reconhecer que, mesmo com planejamento meticuloso, há aspectos imprevisíveis nos negócios, e é a capacidade de enfrentar essas incertezas com resiliência que impulsiona o progresso e o sucesso sustentável. E o mundo moderno precisa desse líder!
Heverton Peixoto é engenheiro civil com MBA em Corporate Finance no Insead, CEO do Grupo Omni e conselheiro do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV