Reconhecimento engaja a equipe
Por Heverton Peixoto
Em um mundo corporativo cada vez mais competitivo, já há algum tempo o papel do gestor deixou de ser apenas supervisionar tarefas e garantir a entrega de resultados. A gestão humanizada conduziu os líderes a desenvolver talentos e habilidades da equipe, escutar de forma ativa e dar feedbacks positivos e transparentes. Porém, o reconhecimento e o elogio nem sempre entram na lista de atividades e prioridades de alguns desses líderes.
Por mais estranho que possa soar, alguns gestores acreditam que um elogio a um colaborador pode sinalizar que seu desempenho está no nível máximo, gerando uma acomodação e queda no esforço e comprometimento.
Outro argumento utilizado é que o reconhecimento pode também criar expectativas de aumento de salários e promoções. O fato é que os elogios e o reconhecimento não devem estar atrelados a recompensas financeiras, mas servir como incentivos. Daí a importância da gestão e do feedback transparente.
Entendo que, em um ambiente onde os elogios são escassos ou inexistentes, o resultado tende a ser a desumanização e a perda de confiança e engajamento, dois pilares essenciais para a construção de um time coeso. A falta de reconhecimento pode ter outras consequências negativas para a organização, entre elas a falta de criatividade, interação com o time e clientes e, principalmente, o pedido de desligamento.
Uma pesquisa recente apontou que a falta de reconhecimento é uma das principais causas que levam os colaboradores a pedirem demissão. Dos mais de 50 mil entrevistados, 24,7% indicaram que deixaram seus empregos por não se sentirem reconhecidos.
Na minha experiência, aprendi que reconhecer e valorizar o trabalho dos colaboradores é uma das práticas mais eficazes para a gestão de equipes. Isso também fortalece os relacionamentos e demonstra apreciação e respeito pelo trabalho executado, reforça comportamentos positivos e demonstra profissionalismo, consolidando a competência do funcionário.
Ao recebermos um elogio, nosso cérebro libera dopamina, um elemento químico que age como um mensageiro no cérebro e influencia nas emoções, nas sensações de prazer e na motivação e recompensa. Dessa forma, quando os trabalhadores se sentem felizes e reconhecidos por suas atividades, também são mais produtivos. E todos ganham: o funcionário, a equipe, a empresa, a liderança.
Pessoas sempre foram fundamentais para as organizações, mas a importância estratégica delas segue crescendo. A satisfação no trabalho é um dos indicadores mais importantes para o sucesso profissional. Um levantamento apontou que 89% das companhias reconhecem que bons resultados estão diretamente ligados à motivação e à felicidade dos colaboradores.
Para destacar o sucesso, algumas soluções surgiram para reconhecer um colaborador em específico ou o time. Entre elas, está a principal rede social profissional, o LinkedIn, que além de vitrine, oferece a oportunidade de alcançar pessoas de dentro e fora da companhia, que podem curtir ou comentar os posts sobre elogios e reconhecimento. Além disso, reforça os valores da organização para o público externo e ainda pode se caracterizar como um incentivo para a repetição de comportamentos.
Aliás, o público externo merece destaque e precisa ser impactado e conquistado. Mais do que isso. É eficaz utilizar esse espaço para conversar com futuros novos talentos na companhia que buscam sinais de um ambiente de trabalho positivo, inclusivo e respeitador, muitas vezes por meio de depoimentos de funcionários e postagens nas redes sociais. Em resumo: as práticas de reconhecimento adotadas podem ser consideradas eficientes quando são implementadas de forma proativa e constante. Afinal, elogiar é liderar e liderar é, acima de tudo, inspirar.
Heverton Peixoto é engenheiro civil com MBA em Corporate Finance no InseaD, CEO do Grupo Omni e conselheiro do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV